quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Motoristas fazem paralisação na Praça da Estação nesta quarta-feira

Quem precisou pegar um ônibus no Centro de Fortaleza na manhã de ontem teve que esperar até duas horas para conseguir um transporte. Por volta das 9h, cerca de 150 motoristas e cobradores de ônibus bloquearam o acesso à Praça da Estação em protesto contra a falta de condições de trabalho.

Cerca de 150 motoristas e cobradores de ônibus bloquearam o acesso à Praça da Estação, no Centro, em protesto contra a falta de condições de trabalho. Demandas por banheiro e reposicionamento do validador serão atendidas FOTO: BEATRIZ BLEY
 

Durante o período em que a Praça da Estação foi bloqueada, passageiros, incluindo muitos idosos, se aglomeravam nas paradas sem saber o que estava acontecendo. Alguns esperaram por um transporte do início ao fim da manifestação.

Foi o caso do comerciante José Dourado. Ele foi ao Centro comprar um livro para a filha e ficou mais de duas horas esperando um ônibus. "Não sei nem o que fazer. É muito ruim. Tem muita gente aqui, está perto da hora de almoço e ninguém tem dinheiro para comer. E de táxi não dá para ir", lamentou.

Já a doméstica Nilza Soares estava acompanhando o marido, que havia feito uma cirurgia e ainda precisaria retornar para uma consulta. "Tem quase meia hora que eu estou aqui. Isso é um absurdo. Era para nós já estarmos em casa, e ainda temos que voltar. Para vir é um sacrifício, para voltar do mesmo jeito". Dona Nilza também reclamou da falta de informação. "A gente passa horas e horas aqui nessa parada esperando e não dão uma informação sobre o que está acontecendo. Eles têm a briga deles e a classe mais baixa é que sofre", completou.

A universitária Daniele Oliveira ressaltou que, normalmente, o serviço de transporte público já é ruim e piorou com o protesto. "No dia a dia já é difícil, por causa dos ônibus lotados e que demoram muito para chegar. Quando eles vêm é atrasado, chega um atrás do outro" afirma. "Eu vim comprar o material escolar do meu filho, tenho muitas coisas para resolver e estou aqui esperando, sem hora para sair e não tem nenhum ônibus disponível. É um absurdo", completou.

Reunião
A categoria reivindica um posto de apoio com banheiro no local, a permissão para desembarcar passageiros pela porta do meio e a mudança da posição do equipamento validador de passagens, que estaria prejudicando a saúde dos cobradores.

O protesto terminou por volta das 11h, após uma reunião ser agendada para hoje, às 14h30, na sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) com a participação da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e do Sindicato dos Trabalhadores Transporte Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro). Segundo o presidente da entidade, Domingo Neto, se os pedidos não forem atendidos, uma nova paralisação será feita amanhã. "Nós tivemos quatro reuniões na Etufor e demos prazo para resolver a situação e, até este momento, nada aconteceu. Fizemos isso aqui para chamar a atenção do Sindiônibus e da Etufor para resolver a situação, disse Neto.

O acesso à praça foi impedido quando os motoristas posicionaram vários ônibus lado a lado na via e secaram os pneus. O Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque) esteve no local e uma bomba de efeito moral chegou a ser disparada, mas não houve conflito. O trânsito no local precisou ser desviado pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) e houve congestionamento.

Reivindicações
O diretor do Sintro, Geraldo Lucena, afirma que o pedido por um banheiro na praça é uma reivindicação antiga. "As cobradoras e os motoristas não têm onde fazer as necessidades fisiológicas", afirmou.

De acordo com ele, os colegas precisam improvisar e às vezes pagar para utilizar um banheiro. A situação para as mulheres é ainda mais constrangedora.

Com relação aos validadores, Geraldo Lucena explicou que os aparelhos que processam as informações dos cartões utilizados no transporte coletivo (como o Bilhete Único, o Vale Eletrônico e a carteira de estudante) foram reposicionados, forçando o cobrador a se esforçar para verificar a informação. Eles estão ficando com problemas de saúde por causa disso, porque o aparelho ficou numa posição muito ruim", explicou.

Já o uso da porta do meio para desembarcar os passageiros na praça seria para evitar constrangimentos aos motoristas. "Os ônibus vêm superlotados e quando chegam tem fiscal para não deixar o motorista abrir a porta de meio. A gente entende que o ônibus tem três portas, duas para desembarque e uma para embarque. Por que eles não liberam a porta do meio?", questiona Domingos Neto.

Melhorias estão previstas

Sobre a necessidade de banheiros no local, o gerente de planejamento do Sindiônibus, Sá Júnior, admitiu que "é uma reivindicação justa". Segundo ele, o Sindiônibus irá resolver a situação. "Nós criamos uma estrutura no terminal de Messejana e no Fórum Clóvis Beviláqua. Recentemente, implantamos um banheiro químico. Só que a coisa muitas vezes não anda na velocidade que se espera, mas o projeto está em andamento", afirmou. Entretanto, a Etufor informou que foi disponibilizada uma estrutura próxima à praça, "visto a impossibilidade da construção de um estrutura permanente no espaço público".

A respeito da demanda pela abertura da porta do meio para desembarque de passageiros na Praça da Estação, o gerente de planejamento do Sindiônibus explica que há uma norma municipal determinando que a porta central dos coletivos só pode ser aberta nos terminais de ônibus.

Procurada pela reportagem, a Etufor explicou que a Portaria 48, de 2000, Anexo 1, Grupo 4 determina que exista uma comunicação visual informando que a porta do meio só será aberta nos terminais. Segundo a empresa, a proibição da saída se deve ao "risco de evasão de receita, com a possibilidade de subida de passageiros pela porta do meio, sem passar pela catraca. O órgão informou ainda que "existe o risco de acidente no conflito entre os passageiros que descem e sobem ao mesmo tempo".

Critério

Sobre o validador, Sá Júnior disse que existe um critério para o posicionamento do aparelho. "É uma questão de ordem técnica que a gente vai discutir para ver o que é possível fazer para não prejudicar a qualidade do serviço", disse. Já a Etufor garantiu, em nota, que os validadores serão reposicionados, "permitindo que tanto o usuário quanto o cobrador visualizem as informações sem muito esforço".

Fonte: Diário do Nordeste - Publicada em 15/01/2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário